A criação deste blog foi tomada inicialmente objetivando a viabilização, compreensão e conscientização das pesquisas desenvolvidas por mim, parceiros acadêmicos, professores, pesquisadores e especialistas tendo como diretrizes à Arqueologia e História. Também sob pretensão de divulgação de entrevistas com os expoentes das áreas já elencadas, aproximando mais ainda o leigo aficionado ou o acadêmico em prática das diversas variáveis existentes nessas duas ciências.

terça-feira, 1 de janeiro de 2013

Arqueologia da Paisagem Na Bacia do Rio Japaratuba, Sergipe.

 
 
 
 
 
 
Diego Bragança
Márcia Barbosa Guimarães

 
O presente trabalho trata da etapa indireta da pesquisa arqueológica que vem sendo desenvolvida na zona costeira da bacia do rio Japaratuba. O levantamento das fontes escritas secundárias e das fontes primárias representadas por relatórios e projetos existentes nos arquivos do IPHAN-SE, além do CNSA do IPHAN, demonstrou a existência de 04 sítios arqueológicos.
 
O estudo visa compreender a ocupação de grupos pré-coloniais na bacia do Rio Japaratuba, focando nos assentamentos implantados na zona costeira. Para tanto será utilizada a abordagem da arqueologia da paisagem entendida como paisagem construída e/ou modificada pelas sociedades que dela se apropriou, considerando que o seu resultado é a soma da atuação de processos naturais e/ou antropogênicos. Assim a teoria interpretativa do pós-processualismo será o suporte teórico-metodológico utilizado.
 
 
 
Tem por objetivo compreender a construção da paisagem arqueológica pelos grupos pré-coloniais que ocuparam a porção do litoral da bacia do rio Japaratuba. Para tanto, busca mais detalhadamente: elaborar o mapa da paisagem arqueológica, realizar a prospecção arqueológica sistemática da bacia do rio Japaratuba, analisar a cultura material recuperada durante à prospecção arqueológica e alimentar o banco de dados do SIG Arqueologia do Litoral de Sergipe.
O foco recairá sobre as atividades de registro, mapeamento e caracterização sociocultural dos assentamentos pré-coloniais identificados na bacia do rio Japaratuba, utilizando-se, para tanto, de geotecnologias como o GPS (global positioning system) e SIG (sistema de informações geográficas) (MORAIS,1999:12), bem com da amostragem probabilística para a prospecção arqueológica.



 
 

A primeira etapa, a qual este estudo se refere, se caracteriza pela execução do levantamento bibliográfico, documental e cartográfico junto às fontes primárias (relatórios e projetos), que se encontram sob a guarda do IPHAN, e do Departamento de Ciências Sociais e do Museu Arqueológico de Xingó, ambos pertencentes à UFS, bem como junto às fontes secundárias (bibliografia), objetivando a coleta de dados sobre o patrimônio material (arqueológico) da bacia do Rio Japaratuba.
A segunda etapa, a ser executada, recairá sobre a análise paisagística e a prospecção arqueológica da bacia do rio Japaratuba. Para tanto serão considerando a metodologia de amostragem a ser utilizada na prospecção em superfície e no subsolo. Esta metodologia será composta por diferentes técnicas amostrais que envolvem o uso da amostragem probabilística sistemática, a partir da aplicação de transects lineares paralelos (SCHIFFER ET AL, 1978; WHITE e KING, 2007) e transects radiais, tendo por ponto central sítios já identificados durante as etapas/atividades anteriores. Outra técnica que será utilizada é o zoneamento ambiental proposto por Rodet et al (2002), considerando, no caso específico da área de estudo, três domínios ambientais – terraços marinhos, dunas costeiras e estuários.
 
 
 
 
 
Compondo o quadro da hidrografia do Estado de Sergipe, a bacia do rio Japaratuba ocupa área de 1.695,7 km2, com posição geográfica na periferia oriental atlântica, no agreste e no hinterland, de clima semi-árido.

O segmento litorâneo compreende três setores – interface continental, planície costeira e interface marinha – que correspondem a divisões transversais à linha de costa. Desenvolvendo-se a leste dos tabuleiros costeiros esculpidos no grupo Barreiras, a planície costeira que integra a zona costeira do estado de Sergipe segue o modelo clássico das costas que avançam em direção ao oceano, em decorrência do acréscimo de sedimentos mais novos, em que cada crista de praia representa depósito individualizado associado a uma antiga linha de praia (DOMINGUEZ, et.al, 1992).

Os domínios ambientais – terraços marinhos, dunas costeiras e estuários – refletem as influências dos processos de origem marinha, eólica e fluviomarinha em decorrência das condições ambientais variáveis durante o Quaternário (CARVALHO E FONTES, 2006).
 
 
 
 
 
Ocupando a parte mais interna da planície costeira são encontrados os terraços marinhos pleistocênicos, associados a um importante episódio transregressivo do mar, denominado por Martin et al (1980) de Penúltima Transgressão. Esses terraços apresentam, na superfície, vestígios de cordões litorâneos, remanescentes de antigas cristas de praia, parcialmente retrabalhados pela ação eólica ou semifixados pela vegetação herbáceo-arbustiva de restinga. Seccionando esses terraços mais antigos são encontrados ainda paleocanais de maré parcialmente colmatados, onde atualmente predomina a vegetação de pântano. Os terraços holocênicos, com altitudes variando de alguns centímetros até cerca de 4 metros acima do nível médio atual do mar, formam uma faixa praticamente contínua na margem oceânica, interrompendo-se apenas nas desembocaduras dos rios e riachos que drenam a planície costeira. Muito embora os cordões litorâneos ocorram nesta formação holocênica, sua continuidade é interrompida pela mobilidade das dunas litorâneas ativas que avançam para o interior em faixas de largura variável e pela ação antrópica. Apoiados na plataforma continental, os cordões litorâneos mostram progressivo desenvolvimento que conduz ao alargamento dos perfis longitudinais dos rios, criando problemas para a drenagem da planície costeira (Carvalho e Fontes, 2006).
 
 
 
 
 
Nesta paisagem geomorfológica, o levantamento das fontes escritas primárias (AMANCIO-MARTINELLI E BATISTA, 2009; FERREIRA, 2012; CNSA/IPHAN) permitiram identificar a presença de 04 sítios arqueológicos distribuídos nos municípios de Barra dos Coqueiros (2) e Pirambu (2).

A continuidade do projeto permitirá visitar os sítios identificados na etapa indireta, bem como aplicar a metodologia de amostragem visando identificar novos sítios arqueológicos na planície costeira da bacia do rio Japaratuba, contribuindo para a construção do quadro arqueológico do estado de Sergipe, bem como para o entendimento das paisagens arqueológicas construídas pelas populações pré-coloniais.
 
 






 

 


 
 

sábado, 1 de dezembro de 2012

ARTEFATO MONETÁRIO E CONTEXTO: REPENSANDO AS MOEDAS NAS PRÁTICAS ARQUEOLÓGICAS EM SÍTIOS HISTÓRICOS.





Felipe Farias

       O presente artigo tem como principal objetivo analisar a contextualização da moeda nas escavações de sítios arqueológicos históricos (Tipo/Objetivo) e propôr novas abordagens sobre a forma de como esses artefatos monetários estão sendo inseridos em diferentes contextos durante as escavações realizadas em sítios denominados históricos, visto que, as moedas encontradas durante as escavações são peças fundamentais no sentido de oferecerem dados como: período/tempo, matéria prima utilizada, tecnologia, valor, relações de poder e o pensamento inicial da formação capitalista. A análise dessas perspectivas a partir do artefato monetário demostra que a moeda não é somente um marco em delimitar um período de tempo cronológico do pré-histórico ao histórico, durante as realizações de escavações, sendo possível observar as camadas estratigráficas. Torna-se notável que a moeda tem um papel fundamental nas vidas das pessoas em todas as classes sociais no decorrer dos tempos. 
Por tudo que foi abordado, este objeto de estudo engloba várias funções e significados, ela não necessariamente apresenta o lado de câmbio, numa perspectiva capitalista de venda, compra e troca. Este artefato monetário nem sempre abordado em sua análise pelos arqueólogos que possui e possuiu vários lados simbólicos e específicos para determinadas ocasiões e lugares, com isso ela poderá oferecer novas abordagens na forma de realizar e fazer o pensamento arqueológico.  

domingo, 15 de abril de 2012

Rei Arthur: Verdade ou Mito?






Vinícius Solera

O lendário Rei Arthur, um líder heróico meio romano meio bretão, seu nascimento profetizado pelo mago Merlin. Uther Pendragon, rei da Bretanha, cobiça a bela Igrayne, mas ela é casada com Gorlois, o duque da Cornualha. Então, Uther vai ate Merlin e pede uma solução. O mago o transforma em Gorlois. Naquela mesma noite Igrayne espera seu marido em seu quarto, mas não é ele quem entra em seu quarto e sim Uther na forma de Gorlois e Arthur é concebido naquela noite. No dia do nascimento da criança, Arthur é levado por Merlin para ser preparado para ser o novo rei da Bretanha, ele o leva para uma vila de camponeses onde Merlin visitava com freqüência. Quando Arthur completa 16 anos, Merlin o leva até um rochedo onde havia uma espada encravada na pedra e lá Merlin revela sua verdadeira paternidade e conta que aquela espada na pedra era Excalibur. Uma espada mágica e que só seria retirada por aquele nascido verdadeiramente rei. Merlin pede a Arthur para que ele tente retirá-la. Arthur a retira e ele se torna rei e passa a ter vários cavaleiros conhecidos como os Cavaleiros da Távola Redonda e Merlin como seu principal conselheiro.
Esta é a lenda, mas pesquisadores atuais concordam que ela esta fundamentada em fatos reais escritos medievais que falam de um Arthur que lutou contra os saxões para defender a Bretanha os vencendo e unificando os bretões. No século IX, um monge chamado Nennius conta em seu livro A História dos Bretões que Roma havia dominado a Bretanha por cinco séculos, mas com a queda do império e a invasão Bárbara na capital Roma e começou a retirar as suas legiões da Bretanha e as poucas que sobraram sentiram dificuldade em defendê-la contra escotos e pictos do norte e para ajudá-los a combatê-los os romanos chamaram os saxões, porém os saxões os subjugaram e resolveram conquistar a Bretanha e é aí que Nennius conta que Arthur travou doze batalhas contra os saxões culminado na batalha de Monte Badon onde ele venceu os saxões e unificou os bretões.



No século 12, Arthur foi promovido de um líder guerreiro a rei. A transformação ocorreu no relato do clérigo Geoffrey Monmouth na“Historia dos Reis da Bretanha”. O relato tinha como fonte as tradições  orais bretãs e gaulesas. Monmouth acrescenta a história outros personagens como o mago Merlin, os cavaleiros de Arthur, a rainha Gueneviere e a fonte do poder de Arthur, a espada Excalibur, que na versão de Monmouth se chamava Calibum.
Na França as Histórias sobre o rei Arthur tomariam novo impulso. Chretien de Troves escreveu cinco livros sobre Arthur transformando todos em cristãos porque a França era um dos maiores países dentro da cristandade na época, acrescentou uma busca fervorosa pelo Santo Graal (o Cálice de Cristo) e a traição de Guineviere com Lancelot. Em 1470 foi publicado o livro que daria a história seu acabamento final, o livro “A Morte de Arthur” do monge Thomas Malory que reúne os livros anteriores.
Mas quem foi o verdadeiro rei Arthur? Esqueçam os livros franceses e o de Malory, provavelmente o Arthur histórico está nos primeiros relatos, os de Nennius e Monmouth. No final do século V e começo do século VI o império romano está em declínio e para proteger a capital o imperador manda retirar as legiões da Bretanha  onde só ficaram umas poucas, perto da muralha de Adriano, esses poucos romanos se tornaram nobres do local e provavelmente um desses romanos que permaneceu foi Uther, o pai de Arthur. A três personagens citados como Arthur por historiadores modernos, um deles era Ambrosios Aureliano, um general romano que serviu na Bretanha e outro foi Artorios Castos, outro general romano que lutou na Bretanha. Os dois possuíam características do Arthur histórico, ambos lutaram na Bretanha e foram grandes líderes de batalhas, mas eles não poderiam ser o nosso Arthur, pois eles eram romanos puros e não meio romano e meio bretão e Ambrosios não era da época da invasão dos saxões e sim da conquista da Bretanha por Roma e Artorios Castos viveu quinhentos anos depois, mas escavações em Tintagel da Cornualha (local de nascimento de Arthur ) trouxeram uma pequena luz sobre sua verdadeira identidade. Foi encontrada uma pedra com um nome escrito “Artrus”. Acredita-se que o jovem Arthur tenha registrado seu nome nesta pedra.
Em 1930 o arqueólogo Raleigh Radford em missão oficial patrocinada pelo ministério britânico, escavou o castelo de Tintagel na Cornualha. Acreditava-se que ali seria o local onde Arthur nascera. As pesquisas comprovaram que o local foi uma fortificação entre o século V e VI e foram encontradas cerâmicas finamente trabalhadas e chamadas de cerâmica vermelha do norte da África, mostrando que o local foi um rico entreposto comercial e que alguém muito poderoso estava importando essas cerâmicas para Tintagel. Em 1965 foi constituída a comissão de investigação Camelot e após cinco anos de investigação em Somerset, os arqueólogos identificaram as ruínas do castelo de Cadbury  como sendo Camelot. O lugar no topo de uma colina, fortificado no período pré-romanico fora escolhido por causa da sua posição que permitia dominar toda a planície que se estendia ate o canal de Bristol. Os arqueólogos também encontraram a fina cerâmica vermelha africana no castelo de Cadbury provando que Tintagel e Cadbury estavam ligados.






Enquanto aos outros personagens da lenda, Merlin por exemplo, pelas descrições que temos dele como os cabelos e a barba longa e de cor branca, identificamos ele como um personagem real, os druidas celtas,os sacerdotes dessas tribos, que eram os verdadeiros feiticeiros que faziam o utensílio da magia.



Outro personagem é a rainha Guineviere, que provavelmente não é exatamente como Malory a descreve, uma rainha cristã e pura, provavelmente Guineviere pertencia as tribos celtas que lutaram junto a Arthur para defender a Bretanha e que se conheceram durante uma campanha de Arthur. Lancelot e os outros cavaleiros eram provavelmente meninos que cresceram juntos a Artur ou com Lancelot, ou então que se juntaram ao exército durante as campanhas de Arthur vindo de várias partes da Bretanha.



Qual seria a explicação para a Excalibur?  A fonte do poder de Arthur, provavelmente a Excalibur veio de uma antiga tradição celta que consistia em cravar uma espada em uma pilha de rochas para venerar o deus da guerra, e alguns relatos trazem a excalibur como a espada do própio deus da guerra (Marte para os romanos ou Ares para os gregos). Provavelmente o que aconteceu é que uma espada sagrada dita como a espada do deus da guerra foi fincada em uma pilha de pedras para venerá-lo e a lenda de Excalibur cresceu em cima disso, e só aquele nascido verdadeiramente rei, poderia retirá-la pois, só aquele nascido verdadeiramente rei seria digno o suficiente para possuir a espada do deus da guerra.                                                              

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Arqueologia Pública Em Sergipe





Raquel Batista

O artigo que se inicia não tem intuito de projeção acadêmica e científica, ainda que imbuído de preceitos tais dos quais não se desvencilha por razões que ficarão claras posteriormente, mas tem a pretensão de projeção social para a Arqueologia em Sergipe, especificamente, mas em seu aspecto geral.
Visto a necessidade de maior interação e comunicação entre nosso curso e a sociedade, para que se corrijam equívocos conceituais causados pela carência de diálogo, queremos aqui minimizar esse distanciamento e causar um maior entendimento da área. Primeiramente, não estudamos dinossauros, não somos caçadores de tesouros e não há nada de sobrenatural em nossas pesquisas.
Pretendemos aqui tentar esclarecer alguns fundamentos básicos da Arqueologia, em visão e palavras de uma aluna, abrindo as portas do nosso curso e campus, para que se veja além dos nossos esqueletos, além das nossas paredes de pedra.
Por questões conceituais, definamos Arqueologia. A palavra vem do grego, Arqueo = antigo e Logia = Estudo, porém a Arqueologia permeia por caminhos muito além das barreiras do passado. Em definição moderna, Arqueologia é o estudo sistemático, metodológico e interpretativo (mas não arbitrário) das sociedades humanas através da cultura material.
Considere o homem em seu aspecto cultural, como “modelador do ambiente”, o homo Sapiens é o único ser vivente, hoje, capaz de adaptar o meio em que vive às suas necessidades e ele o faz através da cultura material. Tudo que produzimos é cultura material e/ou imaterial (em alguns casos o tangível e o intangível estão tão associados que se torna equivocada uma análise isolada). Por exemplo, as roupas, a casa, o carro, a TV, tudo através do que nos comunicamos com o meio é cultura, e essa cultura nos diz muito sobre seu usuário ou criador. Pode-se traçar um perfil sobre sua personalidade se analisados interpretativamente o modo como se veste o que come, onde mora, etc.
Esse é o objetivo e desafio inicial da Arqueologia, a leitura interpretativa dos resquícios da cultura material que denote sobre um indivíduo, grupo ou sociedade.




Mas como falar em cultura material sem falar em patrimônio? Toda cultura é patrimônio e todo patrimônio que tenha valor social comum é considerado patrimônio público. O patrimônio arqueológico se inclui no conceito de patrimônio público cultural, por isso se faz importante a participação social em pesquisas e trabalhos arqueológicos. Sem a valorização social não tem sentido algum estudar sociedades.
Uma ciência social que é desconhecida da maioria da sociedade se sente no mínimo frustrada em seu objetivo primário. Sem diálogo não há aceitação e muito menos interesse comum. Esse é o motivo pelo qual, como dito no início do artigo, os motivos de interesse em intercâmbio cultural com a sociedade, ainda que não seja, nesse caso, atividade diretamente acadêmica, não se desvencilha desse ideal, posto que nós, alunos do curso de bacharelado em Arqueologia da UFS/CAMPUSLAR, através do Centro Acadêmico de Arqueologia 26 de Julho, precisamos promover melhorias na questão pública da Arqueologia. A Arqueologia pública, acessível, é uma necessidade urgente e constante que não pode ser manifestada em casos isolados ou apenas quando remuneradas por notas ou certificados acadêmicos, tem de ser algo contínuo, dinâmico e recíproco, para que se satisfaça em nós essa necessidade de aceitação e participação pública e para que a sociedade possa ver-se espelhada em nossos trabalhos de forma ativa e consciente.


Em últimas palavras, peço que se promova identificação por parte da sociedade, sobretudo Sergipana, se tratando de um curso locado em Sergipe, reconhecido e renomado nacionalmente, mas da sociedade no geral, pois se somos ciência social, sem sociedade, o que somos?

quinta-feira, 10 de março de 2011

I SEMARQ (Primeira Semana de Arqueologia)


  
Diego Bragança


O Centro Acadêmico de Arqueologia (Gestão: Novos Rumos) do curso de bacharelado em arqueologia da Universidade Federal de Sergipe estará realizando a Primeira Semana Acadêmica de Arqueologia (I SEMARQ) na cidade de Laranjeiras-SE, entre os dias 28 de março a 1º de abril no auditório do Campus Laranjeiras.
Neste evento, teremos a presença dos grandes expoentes da arqueologia no Brasil e áreas afins, promovendo palestras e mini-cursos. Entre eles estarão o Prof. Msc. Fernando Lins de Carvalho (FAMA), Dr. Paulo Zanettini (ZANETTINI Arqueologia), Profª. Drª. Silvia M. Copé (NUPArq/IFCH/UFRGS - Vice Presidente da SAB) entre outros.
Além das palestras e mini-cursos oferecidos no evento, o participante ainda terá a oportunidade de inscrever e apresentar sua pesquisa no dia determinado dentro da programação, ressaltando que os trabalhos irão passar pela banca examinadora composta por professores efetivos do curso de Arqueologia/UFS.
O valor das inscrições é de R$ 10,00 e no caso de participação e inscrição de trabalho, fica R$ 15,00.

Caso você navegador do blog tenha interesse em participar do evento ou entrar em contato com a organização, aqui estão os números e e-mail:

(79) 9916-8238
(79) 8848-0295

caarqueologiaufs@hotmail.com



PROGRAMAÇÃO

Dia 28/03/2011

13h00min solenidade de abertura
13h30- 15h00 palestra
Tema: Pré-História de Sergipe
Palestrante: Prof. Msc. Fernando Lins de Carvalho (FAMA)

15h00-15h30 intervalo

15h30 – 17h00 palestra
Palestrante: Msc. Ademir Ribeiro Júnior (IPHAN/SE)
Tema: O papel do IPHAN na preservação do patrimônio arqueológico

Dia 29/03/2011

13h00- 14h30 Palestra
Tema: As interfaces disciplinares na Arqueologia
Palestrante: Prof. Dr. Emilio Fogaça (NAR/CAMPUSLAR-UFS)

14h30- 15h00 intervalo

15h00h-17h00 Mini Curso
Tema: História da Arqueologia
Profª. Drª. Silvia M. Copé (NUPArq/IFCH/UFRGS - Vice Presidente da SAB)

Dia 30/03/2011                                                                           

13h00-14h30 Mesa Redonda
Tema: Regulamentação da Profissão e o desenvolvimento da Arqueologia no Brasil
Composição da mesa: Profª. Drª. Silvia M. Copé NUPArq/IFCH/UFRGS - Vice Presidente da SAB), Prof. Dr. Gilson Rambelli (NAR/CAMPUSLAR-UFS), Prof. Dr. Paulo Jobim Campos Mello (NAR/CAMPUSLAR-UFS)

14h30- 15h00 intervalo

15h00-17h00 Mini Curso
Tema: História da Arqueologia
Profª. Drª. Silvia M. Copé (NUPArq/IFCH/UFRGS - Vice Presidente da SAB)

Dia 31/03/2011

13h00-14h30 Palestra
Tema: Bioarqueologia
Palestrante: Profª. Drª. Olivia Alexandre de Carvalho (NAR/CAMPUS LAR-UFS), Prof. Dr. Alberico Nogueira de Queiroz (NAR/CAMPUS LAR-UFS e MAX/UFS)

14h30- 15h00 intervalo

15h00-16h30 Apresentações de trabalhos

16h30-18h30 Mini Curso
Tema: Zooarqueologia de Moluscos
Profª. Drª. Márcia Barbosa Guimarães (NAR/CAMPUSLAR-UFS)

Dia 01/04/2011
13h00-14h30 Palestra
Tema: O perfil do Arqueólogo no século XXI
Dr. Paulo Zanettini (ZANETTINI Arqueologia)

14h30-15h00 Intervalo

15h00-16h00 Apresentações de trabalhos      

16h00-18h00 Mini Curso
Tema: Zooarqueologia de Moluscos 
Profª. Drª. Márcia Barbosa Guimarães (NAR/CAMPUSLAR-UFS)

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Brasil Oitocentista Através das Fotografias




Diego Bragança

É por meio das fotografias e pinturas que a imagem do Brasil e principalmente da capital do império, foi construída. Vale ainda ressaltar e dar destaque para as pinturas (de forma que a fotografia era uma invenção recente até então) e foi nas mãos, por exemplo, de Jean-Baptiste Debret e de outros grandes pintores viajantes da época, que a imagem do Brasil fora construído.
Não foi diferente quanto à fotografia. Em terras brasileiras no império passaram diversos viajantes que tinham como objetivo registrar a belas paisagens desta terra e já enfrentavam um pequeno problema: os meios urbanos no império não eram considerados sinônimos de beleza como Londres e Paris, por exemplo. Então, literalmente, a imagem do Brasil foi, de fato, construída. E é neste cenário que iremos falar sobre as histórias de duas figuras importantes, primeiro o fotógrafo Victor Frond que tinha o interesse de fotografar e registrar tudo em um livro que falava sobre as riquezas e as belezas do Brasil. O mesmo convidou Charles Ribeyrolles que se encontrava mais preocupado a dar ênfase ao cotidiano do império do que com qualquer outra coisa, como a família imperial por exemplo.
Outro viajante, Carl Von Koseritz, era destinado a escrever na década de 1880, chegando à corte em 1883 em meio a um turbilhão porque o regime do monarca se encontrava em crise e a corte se encontrava em meio a um surto de febre amarela. Este viajante passa então a escreve sobre os lugares mais importantes do império, como hotéis e restaurantes participando também do círculo de salões e festas com presença de todas as comunidades estrangeiras.
Podemos nos perguntar então e pensar: qual a importância da ótica e análise de um viajante? Em resposta, tomamos o raciocínio que, além da carga profissional dos mesmos, existe também o fato de serem exímios observadores (externos), já que estes estarão analisando algo que nunca antes tiveram contato e poderão assim trazer um conhecimento diferente sobre os costumes analisados aqui então.
Relevante é o papel dos viajantes da época com os seus trabalhos e registros, haja vista que o Brasil será levado a participar de exposições através das pinturas e fotos, obviamente que esses registros vão tratar do lado positivo do Brasil que, em suma, uma diminuta parcela enquanto que os meios urbanos enfrentavam uma extrema falta de saneamento urbano no regime imperial.
Os principais edifícios da corte tomam outros rumos. É através do daguerreótipo trazido pelo abade Compte que lhe trouxe da França e passou de imediato, a registrar o Paço Imperial, por exemplo, e pouco depois no Hotel Pharoux onde o abade pode apresentar o aparelho ao Imperador D. Pedro II.  Processo este, que os jornais da época descreviam com praticidade no ato de em 9 minutos o aparelho podendo registrar diversos ponto e estruturas da cidade.
O uso deste novo aparelho e a forma como ele registra torna-se bombástica para a população brasileira, se levarmos em conta que, em sua grande maioria, o povo no império não sabia ler nem escrever, era uma população iletrada. Era mais fácil então você analisar e contemplar fotos do quê mesmo, ler jornais. O mais interessante é que este novo tipo de registro vai ser acessível até mesmo as classes mais desfavorecidas para auto-representação, haja vista que a pintura era algo restrito a elite da corte e em conseqüência, essa demanda trouxe o incentivo a pesquisa e melhora desta atividade.
A partir daí, com a facilidade e acessibilidade esta atividade irá tomar proporções maiores e fotógrafos irão se especializar em suas respectivas áreas, alguns irão se dedicar a fotos de paisagens e irá também, aperfeiçoar os seus instrumentos de trabalho como o Marc Ferrez, fotógrafo brasileiro que possuía um aparelho inventado por M. Brandon e o melhorou para registros de fotos panorâmicas. Eram também de costume dos daguerreotipistas, se instalarem temporariamente nos hotéis e outros estabelecimentos a fim de chamar atenção da clientela, já que estes não possuíam um lugar fixo de moradia ou de trabalho e poderiam também ser chamados e contratados.
Em um segundo momento, a Revolução Industrial vai modificar um pouco o panorama e ainda irá encarecer esta atividade. A fotografia vai evoluir e ao redor haverá industrialização de produtos químicos usados nos aparelhos e também da ótica. É sabido que na década de 1870, havia uma alta concorrência entre os daguerreotipistas e junto, disparidades de preços em direção a um preço mais baixo. Em média, os retratos em porcelana que era considerada o grande coqueluche da época ficava em torno de 3$000 a 5$000 a dúzia. Um comportamento em voga na época, imitando os costumes Parisienses, era de freqüentar o ateliê fotográfico.
No que diz respeito à publicidade, por volta de 1850 ela vai tomar forma através dos anúncios em jornais já ultrapassavam e tomavam qualquer espaço vazio da corte. Esses costumes atrelados à possibilidade da população ter acesso a revistas e jornais que davam ênfase aos bons costumem dava um grande significado a esta atividade. Uma coisa chama bastante atenção: as fotografias de escravos negros vestidos. Normalmente o homem vestido de terno e despido apenas os pés (era praxe na época, já que o escravo não tinha direito a usar sapatos) e as mulheres com um belo vestido e um turbante. A intenção na verdade era exportar a imagem de que a escravidão era algo exótico ao modo de ver dos europeus. No período pós abolição era de praxe o registro de fotografias com presença de escravos domésticos ou de certo afeto por parte dos seus donos e se posicionavam nas extremidades das fotos, no canto esquerdo ou no canto direito e as damas brasileiras eram forçadas a usarem vestimentas pesadas que fossem de costumes europeus como o vestido de veludo, por exemplo.
Segundo Gilberto Freyre, os chapéus femininos não vingaram por conta da introdução através das prostitutas européias. Vale ressaltar ainda, que fotografia vai ter importância no registro das famílias aristocráticas cafeeiras brasileiras. Ainda se tratando de costumes europeus adquiridos na corte brasileira, era de costume também das famílias tirarem fotos em canoas, costume esse que era considerado de etiqueta nas famílias européias.



quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Perspectiva da Arqueologia no Regime Militar no Brasil



(Por Naiana Mendonça)

A definição de Arqueologia grosso modo se resume, ao estudo da sociedade e pelos seus vestígios materiais ou imateriais deixados ou não, para a sociedade seguinte. No caso da arqueologia forense seria tentar recuperar as memórias dos países ditatoriais, não apenas no Brasil, mas também na América Latina, onde se tenta adquirir uma relevância social. Para uma maior compreensão, faz-se mister investigar a historicidade da Arqueologia Forense, a qual necessita de um estudo mais aprofundado.



A Arqueologia Forense surgiu na América Latina no século XX, no ano de 1984. “Após três décadas de golpes políticos freqüentes e da implantação de ditaduras violentas, a Argentina se via diante da dolorosa memória de cerca de trinta mil pessoas desaparecidas” (SEOANE; MULEIRO, 2001, 198).


Com base nos dados de aproximadamente 30.000 mil pessoas desaparecidas na Argentina, pesquisadores na área da Arqueologia Forense e Antropologia Forense no Brasil, estão nesta mesma trilha em relação ao País, no qual consta mais de 1.500 desaparecidos. O Brasil ainda está em fase embrionária nesse sentido, já que as pesquisas e os estudos em áreas forenses realizadas no país são ainda exercitados com práticas e métodos pela a Medicina Legal. Devendo assim então, um apoio, aprimoramento, e confiança para que enfim, a área da Arqueologia Forense seja mais executada e que beneficie toda a sociedade.


A Arqueologia Forense é bastante recente em relação a outras especialidades da arqueologia, surgiu bem depois da Arqueologia Histórica, devido ao período que estuda particularmente bem mais depois da metade do século XX, até os dias atuais. Levando em conta, que os estudiosos ao decorrer destes últimos anos têm demonstrado interesse crescente em explorar com o auxílio da cultura material os conflitos e lutas sociais, no caso deste artigo, a Ditadura Militar. Igualmente, considerando como perspectiva relevante a interpretação do passado, o qual se constrói por meio das concepções modernas. Durante muito tempo, os assassinatos cometidos pelo poder governamental durante os anos de 1964 a 1985 assombraram não apenas as pessoas que tem conhecimento dessa barbárie, mas também os parentes das vítimas. Atualmente esses crimes ainda assombram aqueles que tiveram quaisquer aproximações com atos contra a integridade física e moral dos que ousavam se contrapor ao sistema ditatorial.



Este artigo está disponível na íntegra em formato PDF e os interessados devem solicita-lo através do e-mail: viagemarqueohistorica@hotmail.com
 
(Naiana Mendonça é graduanda do 8º período do curso de bacharelado em arqueologia pela Universidade Federal de Sergipe)