A criação deste blog foi tomada inicialmente objetivando a viabilização, compreensão e conscientização das pesquisas desenvolvidas por mim, parceiros acadêmicos, professores, pesquisadores e especialistas tendo como diretrizes à Arqueologia e História. Também sob pretensão de divulgação de entrevistas com os expoentes das áreas já elencadas, aproximando mais ainda o leigo aficionado ou o acadêmico em prática das diversas variáveis existentes nessas duas ciências.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Brasil Oitocentista Através das Fotografias




Diego Bragança

É por meio das fotografias e pinturas que a imagem do Brasil e principalmente da capital do império, foi construída. Vale ainda ressaltar e dar destaque para as pinturas (de forma que a fotografia era uma invenção recente até então) e foi nas mãos, por exemplo, de Jean-Baptiste Debret e de outros grandes pintores viajantes da época, que a imagem do Brasil fora construído.
Não foi diferente quanto à fotografia. Em terras brasileiras no império passaram diversos viajantes que tinham como objetivo registrar a belas paisagens desta terra e já enfrentavam um pequeno problema: os meios urbanos no império não eram considerados sinônimos de beleza como Londres e Paris, por exemplo. Então, literalmente, a imagem do Brasil foi, de fato, construída. E é neste cenário que iremos falar sobre as histórias de duas figuras importantes, primeiro o fotógrafo Victor Frond que tinha o interesse de fotografar e registrar tudo em um livro que falava sobre as riquezas e as belezas do Brasil. O mesmo convidou Charles Ribeyrolles que se encontrava mais preocupado a dar ênfase ao cotidiano do império do que com qualquer outra coisa, como a família imperial por exemplo.
Outro viajante, Carl Von Koseritz, era destinado a escrever na década de 1880, chegando à corte em 1883 em meio a um turbilhão porque o regime do monarca se encontrava em crise e a corte se encontrava em meio a um surto de febre amarela. Este viajante passa então a escreve sobre os lugares mais importantes do império, como hotéis e restaurantes participando também do círculo de salões e festas com presença de todas as comunidades estrangeiras.
Podemos nos perguntar então e pensar: qual a importância da ótica e análise de um viajante? Em resposta, tomamos o raciocínio que, além da carga profissional dos mesmos, existe também o fato de serem exímios observadores (externos), já que estes estarão analisando algo que nunca antes tiveram contato e poderão assim trazer um conhecimento diferente sobre os costumes analisados aqui então.
Relevante é o papel dos viajantes da época com os seus trabalhos e registros, haja vista que o Brasil será levado a participar de exposições através das pinturas e fotos, obviamente que esses registros vão tratar do lado positivo do Brasil que, em suma, uma diminuta parcela enquanto que os meios urbanos enfrentavam uma extrema falta de saneamento urbano no regime imperial.
Os principais edifícios da corte tomam outros rumos. É através do daguerreótipo trazido pelo abade Compte que lhe trouxe da França e passou de imediato, a registrar o Paço Imperial, por exemplo, e pouco depois no Hotel Pharoux onde o abade pode apresentar o aparelho ao Imperador D. Pedro II.  Processo este, que os jornais da época descreviam com praticidade no ato de em 9 minutos o aparelho podendo registrar diversos ponto e estruturas da cidade.
O uso deste novo aparelho e a forma como ele registra torna-se bombástica para a população brasileira, se levarmos em conta que, em sua grande maioria, o povo no império não sabia ler nem escrever, era uma população iletrada. Era mais fácil então você analisar e contemplar fotos do quê mesmo, ler jornais. O mais interessante é que este novo tipo de registro vai ser acessível até mesmo as classes mais desfavorecidas para auto-representação, haja vista que a pintura era algo restrito a elite da corte e em conseqüência, essa demanda trouxe o incentivo a pesquisa e melhora desta atividade.
A partir daí, com a facilidade e acessibilidade esta atividade irá tomar proporções maiores e fotógrafos irão se especializar em suas respectivas áreas, alguns irão se dedicar a fotos de paisagens e irá também, aperfeiçoar os seus instrumentos de trabalho como o Marc Ferrez, fotógrafo brasileiro que possuía um aparelho inventado por M. Brandon e o melhorou para registros de fotos panorâmicas. Eram também de costume dos daguerreotipistas, se instalarem temporariamente nos hotéis e outros estabelecimentos a fim de chamar atenção da clientela, já que estes não possuíam um lugar fixo de moradia ou de trabalho e poderiam também ser chamados e contratados.
Em um segundo momento, a Revolução Industrial vai modificar um pouco o panorama e ainda irá encarecer esta atividade. A fotografia vai evoluir e ao redor haverá industrialização de produtos químicos usados nos aparelhos e também da ótica. É sabido que na década de 1870, havia uma alta concorrência entre os daguerreotipistas e junto, disparidades de preços em direção a um preço mais baixo. Em média, os retratos em porcelana que era considerada o grande coqueluche da época ficava em torno de 3$000 a 5$000 a dúzia. Um comportamento em voga na época, imitando os costumes Parisienses, era de freqüentar o ateliê fotográfico.
No que diz respeito à publicidade, por volta de 1850 ela vai tomar forma através dos anúncios em jornais já ultrapassavam e tomavam qualquer espaço vazio da corte. Esses costumes atrelados à possibilidade da população ter acesso a revistas e jornais que davam ênfase aos bons costumem dava um grande significado a esta atividade. Uma coisa chama bastante atenção: as fotografias de escravos negros vestidos. Normalmente o homem vestido de terno e despido apenas os pés (era praxe na época, já que o escravo não tinha direito a usar sapatos) e as mulheres com um belo vestido e um turbante. A intenção na verdade era exportar a imagem de que a escravidão era algo exótico ao modo de ver dos europeus. No período pós abolição era de praxe o registro de fotografias com presença de escravos domésticos ou de certo afeto por parte dos seus donos e se posicionavam nas extremidades das fotos, no canto esquerdo ou no canto direito e as damas brasileiras eram forçadas a usarem vestimentas pesadas que fossem de costumes europeus como o vestido de veludo, por exemplo.
Segundo Gilberto Freyre, os chapéus femininos não vingaram por conta da introdução através das prostitutas européias. Vale ressaltar ainda, que fotografia vai ter importância no registro das famílias aristocráticas cafeeiras brasileiras. Ainda se tratando de costumes europeus adquiridos na corte brasileira, era de costume também das famílias tirarem fotos em canoas, costume esse que era considerado de etiqueta nas famílias européias.