A criação deste blog foi tomada inicialmente objetivando a viabilização, compreensão e conscientização das pesquisas desenvolvidas por mim, parceiros acadêmicos, professores, pesquisadores e especialistas tendo como diretrizes à Arqueologia e História. Também sob pretensão de divulgação de entrevistas com os expoentes das áreas já elencadas, aproximando mais ainda o leigo aficionado ou o acadêmico em prática das diversas variáveis existentes nessas duas ciências.

sábado, 1 de dezembro de 2012

ARTEFATO MONETÁRIO E CONTEXTO: REPENSANDO AS MOEDAS NAS PRÁTICAS ARQUEOLÓGICAS EM SÍTIOS HISTÓRICOS.





Felipe Farias

       O presente artigo tem como principal objetivo analisar a contextualização da moeda nas escavações de sítios arqueológicos históricos (Tipo/Objetivo) e propôr novas abordagens sobre a forma de como esses artefatos monetários estão sendo inseridos em diferentes contextos durante as escavações realizadas em sítios denominados históricos, visto que, as moedas encontradas durante as escavações são peças fundamentais no sentido de oferecerem dados como: período/tempo, matéria prima utilizada, tecnologia, valor, relações de poder e o pensamento inicial da formação capitalista. A análise dessas perspectivas a partir do artefato monetário demostra que a moeda não é somente um marco em delimitar um período de tempo cronológico do pré-histórico ao histórico, durante as realizações de escavações, sendo possível observar as camadas estratigráficas. Torna-se notável que a moeda tem um papel fundamental nas vidas das pessoas em todas as classes sociais no decorrer dos tempos. 
Por tudo que foi abordado, este objeto de estudo engloba várias funções e significados, ela não necessariamente apresenta o lado de câmbio, numa perspectiva capitalista de venda, compra e troca. Este artefato monetário nem sempre abordado em sua análise pelos arqueólogos que possui e possuiu vários lados simbólicos e específicos para determinadas ocasiões e lugares, com isso ela poderá oferecer novas abordagens na forma de realizar e fazer o pensamento arqueológico.  

domingo, 15 de abril de 2012

Rei Arthur: Verdade ou Mito?






Vinícius Solera

O lendário Rei Arthur, um líder heróico meio romano meio bretão, seu nascimento profetizado pelo mago Merlin. Uther Pendragon, rei da Bretanha, cobiça a bela Igrayne, mas ela é casada com Gorlois, o duque da Cornualha. Então, Uther vai ate Merlin e pede uma solução. O mago o transforma em Gorlois. Naquela mesma noite Igrayne espera seu marido em seu quarto, mas não é ele quem entra em seu quarto e sim Uther na forma de Gorlois e Arthur é concebido naquela noite. No dia do nascimento da criança, Arthur é levado por Merlin para ser preparado para ser o novo rei da Bretanha, ele o leva para uma vila de camponeses onde Merlin visitava com freqüência. Quando Arthur completa 16 anos, Merlin o leva até um rochedo onde havia uma espada encravada na pedra e lá Merlin revela sua verdadeira paternidade e conta que aquela espada na pedra era Excalibur. Uma espada mágica e que só seria retirada por aquele nascido verdadeiramente rei. Merlin pede a Arthur para que ele tente retirá-la. Arthur a retira e ele se torna rei e passa a ter vários cavaleiros conhecidos como os Cavaleiros da Távola Redonda e Merlin como seu principal conselheiro.
Esta é a lenda, mas pesquisadores atuais concordam que ela esta fundamentada em fatos reais escritos medievais que falam de um Arthur que lutou contra os saxões para defender a Bretanha os vencendo e unificando os bretões. No século IX, um monge chamado Nennius conta em seu livro A História dos Bretões que Roma havia dominado a Bretanha por cinco séculos, mas com a queda do império e a invasão Bárbara na capital Roma e começou a retirar as suas legiões da Bretanha e as poucas que sobraram sentiram dificuldade em defendê-la contra escotos e pictos do norte e para ajudá-los a combatê-los os romanos chamaram os saxões, porém os saxões os subjugaram e resolveram conquistar a Bretanha e é aí que Nennius conta que Arthur travou doze batalhas contra os saxões culminado na batalha de Monte Badon onde ele venceu os saxões e unificou os bretões.



No século 12, Arthur foi promovido de um líder guerreiro a rei. A transformação ocorreu no relato do clérigo Geoffrey Monmouth na“Historia dos Reis da Bretanha”. O relato tinha como fonte as tradições  orais bretãs e gaulesas. Monmouth acrescenta a história outros personagens como o mago Merlin, os cavaleiros de Arthur, a rainha Gueneviere e a fonte do poder de Arthur, a espada Excalibur, que na versão de Monmouth se chamava Calibum.
Na França as Histórias sobre o rei Arthur tomariam novo impulso. Chretien de Troves escreveu cinco livros sobre Arthur transformando todos em cristãos porque a França era um dos maiores países dentro da cristandade na época, acrescentou uma busca fervorosa pelo Santo Graal (o Cálice de Cristo) e a traição de Guineviere com Lancelot. Em 1470 foi publicado o livro que daria a história seu acabamento final, o livro “A Morte de Arthur” do monge Thomas Malory que reúne os livros anteriores.
Mas quem foi o verdadeiro rei Arthur? Esqueçam os livros franceses e o de Malory, provavelmente o Arthur histórico está nos primeiros relatos, os de Nennius e Monmouth. No final do século V e começo do século VI o império romano está em declínio e para proteger a capital o imperador manda retirar as legiões da Bretanha  onde só ficaram umas poucas, perto da muralha de Adriano, esses poucos romanos se tornaram nobres do local e provavelmente um desses romanos que permaneceu foi Uther, o pai de Arthur. A três personagens citados como Arthur por historiadores modernos, um deles era Ambrosios Aureliano, um general romano que serviu na Bretanha e outro foi Artorios Castos, outro general romano que lutou na Bretanha. Os dois possuíam características do Arthur histórico, ambos lutaram na Bretanha e foram grandes líderes de batalhas, mas eles não poderiam ser o nosso Arthur, pois eles eram romanos puros e não meio romano e meio bretão e Ambrosios não era da época da invasão dos saxões e sim da conquista da Bretanha por Roma e Artorios Castos viveu quinhentos anos depois, mas escavações em Tintagel da Cornualha (local de nascimento de Arthur ) trouxeram uma pequena luz sobre sua verdadeira identidade. Foi encontrada uma pedra com um nome escrito “Artrus”. Acredita-se que o jovem Arthur tenha registrado seu nome nesta pedra.
Em 1930 o arqueólogo Raleigh Radford em missão oficial patrocinada pelo ministério britânico, escavou o castelo de Tintagel na Cornualha. Acreditava-se que ali seria o local onde Arthur nascera. As pesquisas comprovaram que o local foi uma fortificação entre o século V e VI e foram encontradas cerâmicas finamente trabalhadas e chamadas de cerâmica vermelha do norte da África, mostrando que o local foi um rico entreposto comercial e que alguém muito poderoso estava importando essas cerâmicas para Tintagel. Em 1965 foi constituída a comissão de investigação Camelot e após cinco anos de investigação em Somerset, os arqueólogos identificaram as ruínas do castelo de Cadbury  como sendo Camelot. O lugar no topo de uma colina, fortificado no período pré-romanico fora escolhido por causa da sua posição que permitia dominar toda a planície que se estendia ate o canal de Bristol. Os arqueólogos também encontraram a fina cerâmica vermelha africana no castelo de Cadbury provando que Tintagel e Cadbury estavam ligados.






Enquanto aos outros personagens da lenda, Merlin por exemplo, pelas descrições que temos dele como os cabelos e a barba longa e de cor branca, identificamos ele como um personagem real, os druidas celtas,os sacerdotes dessas tribos, que eram os verdadeiros feiticeiros que faziam o utensílio da magia.



Outro personagem é a rainha Guineviere, que provavelmente não é exatamente como Malory a descreve, uma rainha cristã e pura, provavelmente Guineviere pertencia as tribos celtas que lutaram junto a Arthur para defender a Bretanha e que se conheceram durante uma campanha de Arthur. Lancelot e os outros cavaleiros eram provavelmente meninos que cresceram juntos a Artur ou com Lancelot, ou então que se juntaram ao exército durante as campanhas de Arthur vindo de várias partes da Bretanha.



Qual seria a explicação para a Excalibur?  A fonte do poder de Arthur, provavelmente a Excalibur veio de uma antiga tradição celta que consistia em cravar uma espada em uma pilha de rochas para venerar o deus da guerra, e alguns relatos trazem a excalibur como a espada do própio deus da guerra (Marte para os romanos ou Ares para os gregos). Provavelmente o que aconteceu é que uma espada sagrada dita como a espada do deus da guerra foi fincada em uma pilha de pedras para venerá-lo e a lenda de Excalibur cresceu em cima disso, e só aquele nascido verdadeiramente rei, poderia retirá-la pois, só aquele nascido verdadeiramente rei seria digno o suficiente para possuir a espada do deus da guerra.                                                              

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Arqueologia Pública Em Sergipe





Raquel Batista

O artigo que se inicia não tem intuito de projeção acadêmica e científica, ainda que imbuído de preceitos tais dos quais não se desvencilha por razões que ficarão claras posteriormente, mas tem a pretensão de projeção social para a Arqueologia em Sergipe, especificamente, mas em seu aspecto geral.
Visto a necessidade de maior interação e comunicação entre nosso curso e a sociedade, para que se corrijam equívocos conceituais causados pela carência de diálogo, queremos aqui minimizar esse distanciamento e causar um maior entendimento da área. Primeiramente, não estudamos dinossauros, não somos caçadores de tesouros e não há nada de sobrenatural em nossas pesquisas.
Pretendemos aqui tentar esclarecer alguns fundamentos básicos da Arqueologia, em visão e palavras de uma aluna, abrindo as portas do nosso curso e campus, para que se veja além dos nossos esqueletos, além das nossas paredes de pedra.
Por questões conceituais, definamos Arqueologia. A palavra vem do grego, Arqueo = antigo e Logia = Estudo, porém a Arqueologia permeia por caminhos muito além das barreiras do passado. Em definição moderna, Arqueologia é o estudo sistemático, metodológico e interpretativo (mas não arbitrário) das sociedades humanas através da cultura material.
Considere o homem em seu aspecto cultural, como “modelador do ambiente”, o homo Sapiens é o único ser vivente, hoje, capaz de adaptar o meio em que vive às suas necessidades e ele o faz através da cultura material. Tudo que produzimos é cultura material e/ou imaterial (em alguns casos o tangível e o intangível estão tão associados que se torna equivocada uma análise isolada). Por exemplo, as roupas, a casa, o carro, a TV, tudo através do que nos comunicamos com o meio é cultura, e essa cultura nos diz muito sobre seu usuário ou criador. Pode-se traçar um perfil sobre sua personalidade se analisados interpretativamente o modo como se veste o que come, onde mora, etc.
Esse é o objetivo e desafio inicial da Arqueologia, a leitura interpretativa dos resquícios da cultura material que denote sobre um indivíduo, grupo ou sociedade.




Mas como falar em cultura material sem falar em patrimônio? Toda cultura é patrimônio e todo patrimônio que tenha valor social comum é considerado patrimônio público. O patrimônio arqueológico se inclui no conceito de patrimônio público cultural, por isso se faz importante a participação social em pesquisas e trabalhos arqueológicos. Sem a valorização social não tem sentido algum estudar sociedades.
Uma ciência social que é desconhecida da maioria da sociedade se sente no mínimo frustrada em seu objetivo primário. Sem diálogo não há aceitação e muito menos interesse comum. Esse é o motivo pelo qual, como dito no início do artigo, os motivos de interesse em intercâmbio cultural com a sociedade, ainda que não seja, nesse caso, atividade diretamente acadêmica, não se desvencilha desse ideal, posto que nós, alunos do curso de bacharelado em Arqueologia da UFS/CAMPUSLAR, através do Centro Acadêmico de Arqueologia 26 de Julho, precisamos promover melhorias na questão pública da Arqueologia. A Arqueologia pública, acessível, é uma necessidade urgente e constante que não pode ser manifestada em casos isolados ou apenas quando remuneradas por notas ou certificados acadêmicos, tem de ser algo contínuo, dinâmico e recíproco, para que se satisfaça em nós essa necessidade de aceitação e participação pública e para que a sociedade possa ver-se espelhada em nossos trabalhos de forma ativa e consciente.


Em últimas palavras, peço que se promova identificação por parte da sociedade, sobretudo Sergipana, se tratando de um curso locado em Sergipe, reconhecido e renomado nacionalmente, mas da sociedade no geral, pois se somos ciência social, sem sociedade, o que somos?