A criação deste blog foi tomada inicialmente objetivando a viabilização, compreensão e conscientização das pesquisas desenvolvidas por mim, parceiros acadêmicos, professores, pesquisadores e especialistas tendo como diretrizes à Arqueologia e História. Também sob pretensão de divulgação de entrevistas com os expoentes das áreas já elencadas, aproximando mais ainda o leigo aficionado ou o acadêmico em prática das diversas variáveis existentes nessas duas ciências.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Arqueologia Pública Em Sergipe





Raquel Batista

O artigo que se inicia não tem intuito de projeção acadêmica e científica, ainda que imbuído de preceitos tais dos quais não se desvencilha por razões que ficarão claras posteriormente, mas tem a pretensão de projeção social para a Arqueologia em Sergipe, especificamente, mas em seu aspecto geral.
Visto a necessidade de maior interação e comunicação entre nosso curso e a sociedade, para que se corrijam equívocos conceituais causados pela carência de diálogo, queremos aqui minimizar esse distanciamento e causar um maior entendimento da área. Primeiramente, não estudamos dinossauros, não somos caçadores de tesouros e não há nada de sobrenatural em nossas pesquisas.
Pretendemos aqui tentar esclarecer alguns fundamentos básicos da Arqueologia, em visão e palavras de uma aluna, abrindo as portas do nosso curso e campus, para que se veja além dos nossos esqueletos, além das nossas paredes de pedra.
Por questões conceituais, definamos Arqueologia. A palavra vem do grego, Arqueo = antigo e Logia = Estudo, porém a Arqueologia permeia por caminhos muito além das barreiras do passado. Em definição moderna, Arqueologia é o estudo sistemático, metodológico e interpretativo (mas não arbitrário) das sociedades humanas através da cultura material.
Considere o homem em seu aspecto cultural, como “modelador do ambiente”, o homo Sapiens é o único ser vivente, hoje, capaz de adaptar o meio em que vive às suas necessidades e ele o faz através da cultura material. Tudo que produzimos é cultura material e/ou imaterial (em alguns casos o tangível e o intangível estão tão associados que se torna equivocada uma análise isolada). Por exemplo, as roupas, a casa, o carro, a TV, tudo através do que nos comunicamos com o meio é cultura, e essa cultura nos diz muito sobre seu usuário ou criador. Pode-se traçar um perfil sobre sua personalidade se analisados interpretativamente o modo como se veste o que come, onde mora, etc.
Esse é o objetivo e desafio inicial da Arqueologia, a leitura interpretativa dos resquícios da cultura material que denote sobre um indivíduo, grupo ou sociedade.




Mas como falar em cultura material sem falar em patrimônio? Toda cultura é patrimônio e todo patrimônio que tenha valor social comum é considerado patrimônio público. O patrimônio arqueológico se inclui no conceito de patrimônio público cultural, por isso se faz importante a participação social em pesquisas e trabalhos arqueológicos. Sem a valorização social não tem sentido algum estudar sociedades.
Uma ciência social que é desconhecida da maioria da sociedade se sente no mínimo frustrada em seu objetivo primário. Sem diálogo não há aceitação e muito menos interesse comum. Esse é o motivo pelo qual, como dito no início do artigo, os motivos de interesse em intercâmbio cultural com a sociedade, ainda que não seja, nesse caso, atividade diretamente acadêmica, não se desvencilha desse ideal, posto que nós, alunos do curso de bacharelado em Arqueologia da UFS/CAMPUSLAR, através do Centro Acadêmico de Arqueologia 26 de Julho, precisamos promover melhorias na questão pública da Arqueologia. A Arqueologia pública, acessível, é uma necessidade urgente e constante que não pode ser manifestada em casos isolados ou apenas quando remuneradas por notas ou certificados acadêmicos, tem de ser algo contínuo, dinâmico e recíproco, para que se satisfaça em nós essa necessidade de aceitação e participação pública e para que a sociedade possa ver-se espelhada em nossos trabalhos de forma ativa e consciente.


Em últimas palavras, peço que se promova identificação por parte da sociedade, sobretudo Sergipana, se tratando de um curso locado em Sergipe, reconhecido e renomado nacionalmente, mas da sociedade no geral, pois se somos ciência social, sem sociedade, o que somos?