A criação deste blog foi tomada inicialmente objetivando a viabilização, compreensão e conscientização das pesquisas desenvolvidas por mim, parceiros acadêmicos, professores, pesquisadores e especialistas tendo como diretrizes à Arqueologia e História. Também sob pretensão de divulgação de entrevistas com os expoentes das áreas já elencadas, aproximando mais ainda o leigo aficionado ou o acadêmico em prática das diversas variáveis existentes nessas duas ciências.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Brasil Oitocentista Através das Fotografias




Diego Bragança

É por meio das fotografias e pinturas que a imagem do Brasil e principalmente da capital do império, foi construída. Vale ainda ressaltar e dar destaque para as pinturas (de forma que a fotografia era uma invenção recente até então) e foi nas mãos, por exemplo, de Jean-Baptiste Debret e de outros grandes pintores viajantes da época, que a imagem do Brasil fora construído.
Não foi diferente quanto à fotografia. Em terras brasileiras no império passaram diversos viajantes que tinham como objetivo registrar a belas paisagens desta terra e já enfrentavam um pequeno problema: os meios urbanos no império não eram considerados sinônimos de beleza como Londres e Paris, por exemplo. Então, literalmente, a imagem do Brasil foi, de fato, construída. E é neste cenário que iremos falar sobre as histórias de duas figuras importantes, primeiro o fotógrafo Victor Frond que tinha o interesse de fotografar e registrar tudo em um livro que falava sobre as riquezas e as belezas do Brasil. O mesmo convidou Charles Ribeyrolles que se encontrava mais preocupado a dar ênfase ao cotidiano do império do que com qualquer outra coisa, como a família imperial por exemplo.
Outro viajante, Carl Von Koseritz, era destinado a escrever na década de 1880, chegando à corte em 1883 em meio a um turbilhão porque o regime do monarca se encontrava em crise e a corte se encontrava em meio a um surto de febre amarela. Este viajante passa então a escreve sobre os lugares mais importantes do império, como hotéis e restaurantes participando também do círculo de salões e festas com presença de todas as comunidades estrangeiras.
Podemos nos perguntar então e pensar: qual a importância da ótica e análise de um viajante? Em resposta, tomamos o raciocínio que, além da carga profissional dos mesmos, existe também o fato de serem exímios observadores (externos), já que estes estarão analisando algo que nunca antes tiveram contato e poderão assim trazer um conhecimento diferente sobre os costumes analisados aqui então.
Relevante é o papel dos viajantes da época com os seus trabalhos e registros, haja vista que o Brasil será levado a participar de exposições através das pinturas e fotos, obviamente que esses registros vão tratar do lado positivo do Brasil que, em suma, uma diminuta parcela enquanto que os meios urbanos enfrentavam uma extrema falta de saneamento urbano no regime imperial.
Os principais edifícios da corte tomam outros rumos. É através do daguerreótipo trazido pelo abade Compte que lhe trouxe da França e passou de imediato, a registrar o Paço Imperial, por exemplo, e pouco depois no Hotel Pharoux onde o abade pode apresentar o aparelho ao Imperador D. Pedro II.  Processo este, que os jornais da época descreviam com praticidade no ato de em 9 minutos o aparelho podendo registrar diversos ponto e estruturas da cidade.
O uso deste novo aparelho e a forma como ele registra torna-se bombástica para a população brasileira, se levarmos em conta que, em sua grande maioria, o povo no império não sabia ler nem escrever, era uma população iletrada. Era mais fácil então você analisar e contemplar fotos do quê mesmo, ler jornais. O mais interessante é que este novo tipo de registro vai ser acessível até mesmo as classes mais desfavorecidas para auto-representação, haja vista que a pintura era algo restrito a elite da corte e em conseqüência, essa demanda trouxe o incentivo a pesquisa e melhora desta atividade.
A partir daí, com a facilidade e acessibilidade esta atividade irá tomar proporções maiores e fotógrafos irão se especializar em suas respectivas áreas, alguns irão se dedicar a fotos de paisagens e irá também, aperfeiçoar os seus instrumentos de trabalho como o Marc Ferrez, fotógrafo brasileiro que possuía um aparelho inventado por M. Brandon e o melhorou para registros de fotos panorâmicas. Eram também de costume dos daguerreotipistas, se instalarem temporariamente nos hotéis e outros estabelecimentos a fim de chamar atenção da clientela, já que estes não possuíam um lugar fixo de moradia ou de trabalho e poderiam também ser chamados e contratados.
Em um segundo momento, a Revolução Industrial vai modificar um pouco o panorama e ainda irá encarecer esta atividade. A fotografia vai evoluir e ao redor haverá industrialização de produtos químicos usados nos aparelhos e também da ótica. É sabido que na década de 1870, havia uma alta concorrência entre os daguerreotipistas e junto, disparidades de preços em direção a um preço mais baixo. Em média, os retratos em porcelana que era considerada o grande coqueluche da época ficava em torno de 3$000 a 5$000 a dúzia. Um comportamento em voga na época, imitando os costumes Parisienses, era de freqüentar o ateliê fotográfico.
No que diz respeito à publicidade, por volta de 1850 ela vai tomar forma através dos anúncios em jornais já ultrapassavam e tomavam qualquer espaço vazio da corte. Esses costumes atrelados à possibilidade da população ter acesso a revistas e jornais que davam ênfase aos bons costumem dava um grande significado a esta atividade. Uma coisa chama bastante atenção: as fotografias de escravos negros vestidos. Normalmente o homem vestido de terno e despido apenas os pés (era praxe na época, já que o escravo não tinha direito a usar sapatos) e as mulheres com um belo vestido e um turbante. A intenção na verdade era exportar a imagem de que a escravidão era algo exótico ao modo de ver dos europeus. No período pós abolição era de praxe o registro de fotografias com presença de escravos domésticos ou de certo afeto por parte dos seus donos e se posicionavam nas extremidades das fotos, no canto esquerdo ou no canto direito e as damas brasileiras eram forçadas a usarem vestimentas pesadas que fossem de costumes europeus como o vestido de veludo, por exemplo.
Segundo Gilberto Freyre, os chapéus femininos não vingaram por conta da introdução através das prostitutas européias. Vale ressaltar ainda, que fotografia vai ter importância no registro das famílias aristocráticas cafeeiras brasileiras. Ainda se tratando de costumes europeus adquiridos na corte brasileira, era de costume também das famílias tirarem fotos em canoas, costume esse que era considerado de etiqueta nas famílias européias.



quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Perspectiva da Arqueologia no Regime Militar no Brasil



(Por Naiana Mendonça)

A definição de Arqueologia grosso modo se resume, ao estudo da sociedade e pelos seus vestígios materiais ou imateriais deixados ou não, para a sociedade seguinte. No caso da arqueologia forense seria tentar recuperar as memórias dos países ditatoriais, não apenas no Brasil, mas também na América Latina, onde se tenta adquirir uma relevância social. Para uma maior compreensão, faz-se mister investigar a historicidade da Arqueologia Forense, a qual necessita de um estudo mais aprofundado.



A Arqueologia Forense surgiu na América Latina no século XX, no ano de 1984. “Após três décadas de golpes políticos freqüentes e da implantação de ditaduras violentas, a Argentina se via diante da dolorosa memória de cerca de trinta mil pessoas desaparecidas” (SEOANE; MULEIRO, 2001, 198).


Com base nos dados de aproximadamente 30.000 mil pessoas desaparecidas na Argentina, pesquisadores na área da Arqueologia Forense e Antropologia Forense no Brasil, estão nesta mesma trilha em relação ao País, no qual consta mais de 1.500 desaparecidos. O Brasil ainda está em fase embrionária nesse sentido, já que as pesquisas e os estudos em áreas forenses realizadas no país são ainda exercitados com práticas e métodos pela a Medicina Legal. Devendo assim então, um apoio, aprimoramento, e confiança para que enfim, a área da Arqueologia Forense seja mais executada e que beneficie toda a sociedade.


A Arqueologia Forense é bastante recente em relação a outras especialidades da arqueologia, surgiu bem depois da Arqueologia Histórica, devido ao período que estuda particularmente bem mais depois da metade do século XX, até os dias atuais. Levando em conta, que os estudiosos ao decorrer destes últimos anos têm demonstrado interesse crescente em explorar com o auxílio da cultura material os conflitos e lutas sociais, no caso deste artigo, a Ditadura Militar. Igualmente, considerando como perspectiva relevante a interpretação do passado, o qual se constrói por meio das concepções modernas. Durante muito tempo, os assassinatos cometidos pelo poder governamental durante os anos de 1964 a 1985 assombraram não apenas as pessoas que tem conhecimento dessa barbárie, mas também os parentes das vítimas. Atualmente esses crimes ainda assombram aqueles que tiveram quaisquer aproximações com atos contra a integridade física e moral dos que ousavam se contrapor ao sistema ditatorial.



Este artigo está disponível na íntegra em formato PDF e os interessados devem solicita-lo através do e-mail: viagemarqueohistorica@hotmail.com
 
(Naiana Mendonça é graduanda do 8º período do curso de bacharelado em arqueologia pela Universidade Federal de Sergipe) 

terça-feira, 10 de agosto de 2010

O Cotidiano e a Riqueza Material do Engenho Escurial Oitocentista (1840-1884)


(Por Renato Ramalho e Leonardo Matos)


Nossa proposta de pesquisa se enquadra em um estudo da materialidade que compõem os hábitos e costumes da açucarocracia sergipana. Onde analisamos os objetos que pertenceram à família Dias Coelho e Mello proprietária do Engenho Escurial localizado em Itaporanga D’Ajuda, e identificamos sua origem, entendendo as motivações da posse e o seu universo simbólico. Estes objetos são divididos entre móveis e louças. Delimitamos nossa pesquisa a segunda metade do século XIX, de 1840 a 1884, devido ser um período de grande destaque, onde os proprietários do referido Engenho estão no auge do poderio econômico, não só pela produção do açúcar, mas por ter seu patriarca além de deputado da província de Sergipe, é intitulado Barão e senador vitalício do Império. É adentrando a casa-grande que analisamos a materialidade, onde encontramos o universo simbólico que compõe a pompa e o luxo, os ares da corte que invadem os palacetes da açucarocracia a partir dos oitocentos, a necessidade de ostentar vultoso número de objetos que denotam o quanto poder e riqueza esses clãs senhoriais possuíam, percebendo, assim, que o mundo material é um poderoso sistema de significado, no entanto os significados da cultura material não são fixos, mas sim específicos a um tempo e lugar, sendo a cultura material carente de significado por si mesma, só adquirindo uma dimensão ativa e ideológica dentro de um sistema cultural determinado.




Lembrando que este T.C.C. (Trabalho de Conclusão de Curso) está disponível na íntegra no laboratório de informática da Biblioteca UNIT Centro ou em formato PDF, interessados solicita-lo através do e-mail: viagemarqueohistorica@hotmail.com


(Leonardo Matos e Renato Ramalho são formados em licenciatura plena em história pela Universidade Tiradentes)

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Negras Raízes: Irmandade de São Benetido



(Por João Mouzart de Oliveira)


O presente trabalho tem como objetivo analisar e descrever A história da irmandade de são Benedito na cidade de Aracaju, querendo entender o processo de organização desse grupo nesta cidade. A irmandade era o lugar onde possibilitava a população de cor estabelecer um espaço de autonomia dentro da sociedade, pois, ao se inserir nas confrarias negras as comunidades mais carentes detinham alguns benefícios. As Irmandades foram muito importantes no contexto da sociedade colonial. Seus serviços espirituais (construção de igrejas, presença na hora da morte, etc.) e de auxílio pecuniário, de socorro aos irmãos nas adversidades e vicissitudes, fizeram com que as Irmandades se proliferassem com eficácia. E no caso das Irmandades de são Benedito, acrescenta-se a inserção da presença negra no mundo católico. O recorte temporal foi feito levando-se em conta as fontes à disposição, que vai de 1946 a1971, sendo que o método de pesquisa aplicado foi à utilização de fontes primarias extraída da cúria metropolitana de Sergipe, onde encontramos os registros de óbitos do século XX, e o estatuto da irmandade de são Benedito, neste encontramos as principais informações de como funcionava a irmandade de são Benedito, as festas, e os rituais fúnebres que eram assistidas pela irmandade. Encontramos grande contribuição para nossa pesquisa no instituto Dom Luciano Cabral Duarte, lá encontramos no livro “Caminhos de Emaús” uma fonte que é narrativa da festa de são Benedito. A realização desta pesquisa foi norteada pelos pressupostos teórico-metodológicos que trabalha a irmandade no campo nacional e regional, que são: João José Reis, Reginaldo Luciene ,Ivânia Maria de Almeida, Vanessa dos santos oliveira ,todos esse autores servirão para da embasamento teórico a essa pesquisa. Neste trabalho tentamos resgatar a historia dessa confraria na cidade de Aracaju. No desenrolar do trabalho, observou-se o quanto as irmandades têm sempre algo a mais para nos revelar, é necessário: investigação, discussão e questionamentos sobre os acontecimentos marcantes na sociedade.


Esta pesquisa está disponível na íntegra em formato PDF e os interessados podem solicita-lo através do e-mail: viagemarqueohistorica@hotmail.com

(João Mouzart de Oliveira é graduado em licenciatura plena em história pela Universidade Tiradentes e é graduando do curso de bacharelado em arqueologia pela Universidade Federal de Sergipe)






quinta-feira, 15 de abril de 2010

A Estação Ferroviária de Laranjeiras e o Desenvolvimento Férreo em Sergipe


 
                            

(Por Jaciara Andrade)


O início da arquitetura de ferro no Brasil está ligado à ampliação das relações comerciais com a Europa no início do século XIX, visto que, a pouca existência de siderurgia no país, impulsionada pela abertura de portos e do decreto que impedia instalação de manufaturas nacionais, levava à importação do produto. Em 1854 foi construído o primeiro trecho percorrido por estrada de ferro em território brasileiro, por iniciativa do Barão de Mauá, que ligava o porto de Mauá a Fragoso, no Rio de Janeiro. Em Sergipe, as construções são iniciadas na primeira década do século XX, tendo percorrido todo o estado até 1954.
A linha férrea sergipana foi construída com a finalidade de estabelecer uma ligação entre as duas maiores cidades do Nordeste, Recife e Salvador. A linha vinha do território pernambucano passando pelo estado de Alagoas no ramal de Palmeira dos Índios, mas só cumpriu seu objetivo de ligar o norte ao sul do Brasil quando, em 1972, a ponte sobre o rio São Francisco (Sergipe/Alagoas) foi finalmente concluída, conectando-se com a linha vinda do ramal de Timbó, na Bahia que passava pelo território sergipano. As estradas de ferro no estado, assim como em todo o Brasil, foram intensamente utilizadas como meio de transporte de pessoas e mercadorias. A trajetória da via férrea sergipana reflete a importância econômica de algumas regiões durante o século XX, além de marcar sua própria decadência em função da construção das rotas rodoviárias.
A estrutura da estação ferroviária de Laranjeiras, atualmente em ruínas, aparentemente, obedece a um estilo arquitetônico simples, não muito comum para a época, onde era adotado o neocolonial que consistia no resgate de motivos decorativos típicos do período colonial americano de origem ibérica, empregado na arquitetura contemporânea. Este estilo é adotado no Brasil, de forma própria, marcando a arquitetura em diversas cidades, inclusive em Laranjeiras, que possui algumas construções deste período completamente em desacordo com o estilo adotado na estação. Essa divergência pode ser explicada devido à função do prédio, o que pode ser constatado a partir da análise de outras construções de mesmo porte e período que apresentam características arquitetônicas semelhantes, como é o caso das estações de Rita Cacete e Colônia, localizadas no município de São Cristóvão.
A estação foi edificada sob domínio da Cia. Chemins de Fer Federaux du L'Est Brésilien, de capital francês, entretanto, no período de 1935 a 1975 passa a ser controlada pela V. F. F. L (Viação Férrea Federal do Leste Brasileiro), então criada pelo Governo para assumir o acervo deixado pelos franceses. No ano de 1975 foi incorporada pela Rede Ferroviária Federal Sociedade Anônima (RFFSA), de economia mista, integrante da Administração Indireta do Governo Federal, vinculada funcionalmente ao Ministério dos Transportes, onde permanece até 1996 quando é feita a transferência para o setor privado dos serviços de transporte ferroviário de carga.
Atualmente a linha férrea da cidade de Laranjeiras é utilizada como passagem do trem cargueiro da FCA vindo do sul, que segue até a estação de Riachuelo onde carrega produtos químicos das fábricas do pólo petroquímico. Contudo, a estação ferroviária, de propriedade do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) encontra-se em completo abandono. O prédio apresenta apenas suas paredes em ruínas e em seu interior podem ser observados vestígios da cobertura que desabou. Os reais motivos do esquecimento do patrimônio ainda serão estudados, contudo, sabe-se que o tempo está destruindo não apenas um prédio quase centenário, mas, todo o valor histórico que o desenvolvimento férreo proporcionou àquela cidade.

Este artigo está disponível no formato PDF e os interessados podem solicita-lo através do e-mail: viagemarqueohistorica@hotmail.com

(Jaciara Andrade é graduanda do 8º período do curso de bacharelado em arqueologia pela Universidade Federal de Sergipe)

segunda-feira, 15 de março de 2010

Legionário Romano

     (Por Diego Bragança)


Pois bem, quem nunca ouviu falar na famosa “falange grega” com os seus milhares de hoplitas armados com lanças de 2,5 metros de comprimento?



     Formações quase que instransponíveis dentro de uma batalha, criação originalmente grega, mas herdada pelos romanos que as transformaram numa tática chamada “formação tartaruga”. Esta que por sua vez fora usada pelos Legionários Romanos em suas batalhas, como uma manobra fácil de ser aplicada, levando-se em conta que os Legionários se deslocavam de um ponto ao outro em formações retangulares com fileiras de 8 a 10 homens cada uma, e a única preocupação neste caso seria posicionar o escudo de forma que fosse repelido o ataque por flechas, lanças ou fundas.



Formação Tartaruga



     A Legião Romana revolucionou na criação de táticas de guerra que até hoje influenciam exércitos de nações ocidentais, ganhando a designação de primeiro exército profissional, aplicavam na prática manobras complexas em combinações de infantaria, cavalaria e artilharia fazendo uso, por exemplo, de catapultas no campo de batalha. Por isso tem em sua maior característica a disciplina e estratégia. Todos os seus membros têm o mesmo tipo de formação e da mesma forma compartilham dos mesmos princípios, a partir das suas respectivas efetuações nos exércitos passavam 25 anos em luta, sendo que os 5 últimos anos de combate se tornavam mais leves com atividades menos desgastantes dentro das legiões. A Águia Real era o símbolo de sua inteligência, levando-a a campo em uma arte feita de prata e posteriormente em ouro, tendo o seu guardião para resguardá-la em batalha mesmo que custe a sua própria vida. Eram em sua composição e hierarquia:

• 1 general comandava 10 centuriões formando uma legião (800 a 1.000 homens).


• 1 centurião controlava 10 decuriões formando uma centúria (80 a 100 homens).


• 1 decurião controlava de 8 a 10 soldados rasos, formando uma decúria.



     Magister militum (General)
      Possuíam vários tipos de armas de ataque e de defesa, faziam uso da Lorica que poderia ser de seis tipos diferentes e servia como armadura evoluindo com o passar do tempo se tornando mais espessa colocando a espada em desuso já que era quase impossível perfurar uma armadura com tamanha espessura, forçando o inimigo a usar armas perfurantes como as lanças e não mais cortantes, como era um material muito bem elaborado feito em ferro e forrado a couro por dentro tornava-se caro a sua produção e uso, com uma das crises que o Império Romano passou a produção desse tipo de armadura teve que ser obrigada a parar deixando os Legionários Romanos desprotegidos. Ainda dentro do quadro de armas de defesa, usavam um escudo retangular que serviam também para golpear o inimigo, um elmo que protegia os pescoço e as orelhas, diferentes do elmo viking, por exemplo, que em sua grande maioria só protegiam a parte superior da cabeça e da face, tendo como adornagem uma crista que só era usada nos elmos dos suboficiais e oficiais. Havia também o “Caligae” ou sandália de marcha e uma túnica de cor vermelha.


Centurião


     Dentro do quadro de armas de ataque se enquadra o Gládio, espada considerada curta em média com 60 cm de comprimento e com dois gumes sendo a única espada que se tem conhecimento que possa ser arremessada por conta da peça esférica que se encontra no cabo, o que provoca um equilíbrio no arremesso. Ainda havia o Pilo, uma lança feita de madeira com ponta de ferro, quando arremessada no escudo no adversário, esta perfurava e se fixava de forma que o inimigo tinha que abandonar o escudo se tornando vulnerável no campo de batalha. Os Legionários Romanos ainda tinham posse de um punhal (Pugio) que era transportado na cintura.



Legionários




Lorica Segmentada




Gládio





Caligae



Pilum (pilo)



Centúria em formação

     O Legionário Romano era bem treinado e induzido a organização, obrigatoriamente tinha menos de 27 anos de idade, passavam por treinamento duro e pesado que em sua grande maioria não se separavam das suas armas mesmo que em marcha, forçavam-no a longas marchas com o máximo de carga que pudesse carregar caso contrário, era castigado pelos centuriões que puniam severamente o soldado.

     Depois de 25 anos prestados na legião, o veterano de batalha era aposentado recebendo uma boa quantia (soldo) possibilitando a compra de terras em específico na região onde travou sua última campanha de guerra, por conseguinte se tornavam comerciantes, artesão entre outros e costumavam casar-se com mulheres filhas daquela terra que por sua vez tinham seus filhos e estes se tornaram muito provavelmente soldados da Legião Romana. Se analisarmos bem era apenas mais uma forma estratégica de fazer com quê a cultura militar romana se mantivesse firme e perpetuasse por muitos e muitos séculos.






sábado, 13 de março de 2010

Pedro Paulo Funari em Sergipe




(Por Diego Bragança)

 
      Aproveitamos a passagem do Professor Dr. Pedro Paulo Funari, que esteve pela primeira vez em terras sergipanas nos dias 10, 11 e 12 de março ministrando palestras no auditório do Campus UFS Laranjeiras para os acadêmicos e todo o corpo docente do curso de bacharelado em Arqueologia nos cedendo gentilmente uma entrevista falando sobre Arqueologia e Histórica.

     Tendo abordado temas como Introdução a Arqueologia, Arqueologia Clássica, Perspectivas da Arqueologia Histórica e Arqueologia Pública, os alunos do curso tiveram a oportunidade de interagir com Funari, este que explanou de forma muito clara sobre todos os temas e dando abertura aos alunos e professores para tirarem dúvidas e participarem juntamente nas palestras.

     Pode-se dizer que tenha sido momento único e histórico em Sergipe com esta presença cativante do Funari, impulsionando e estimulando ainda mais os graduandos do curso de bacharelado em Arqueologia da Universidade Federal de Sergipe.
     
     Pedro Paulo Abreu Funari é um arqueólogo brasileiro, professor da Universidade Estadual de Campinas e líder de grupo de pesquisa do CNPq. Atualmente participa do conselho editorial de trinta revistas científicas brasileiras e quatorze estrangeiras entre elas o Public Archaeology, o Journal of Social Archaeology e o International Journal of Historical Archaeology. Sua contribuição ao meio científico atual é mais de 330 artigos publicados em revistas de todo o mundo. É autor e co-autor de mais de 80 livros na área de história e arqueologia. Organizou mais 19 reuniões científicas.
     É graduado em História pela Universidade de São Paulo em 1981, mestre em Antropologia Social pela USP em 1986, doutor em Arqueologia (1990) e pós-doutor pela Illinois State University em 1992, entre outros títulos acadêmicos. É livre-docente da Unicamp desde 1996.

[Entrevista]


VA: Qual foi o lugar ou objeto de estudo relacionado à Arqueologia que te deixou mais fascinado? E com relação à História?


Funari: Diversos temas me fascinaram, no decorrer da carreira e dos estudos. Dentre eles, na Arqueologia, mencionaria as ânforas e os grafites e, na História, a historiografia antiga e moderna.



VA: Sabe-se que você tem como graduação a área de História, já passou alguma vez por sua cabeça em lecionar? Isso foi colocado em prática?



Funari: Não cheguei a licenciar-me, conclui o bacharelado e fui para a pesquisa, tendo iniciado a docência no ensino superior. No entanto, escrevi livros e ministrei palestras para crianças desde cedo.

VA: Você prefere lecionar ou pesquisar? Aproveitando a deixa, gostaríamos que você desse o seu ponto de vista no que diz respeito à educação no Brasil, tendo como foco a área de História e Arqueologia.



Funari: Ambas as atividades são complementares e muito em encantam. A sala de aula permite o contato com a alteridade, de maneira muito direta. Aprende-se muito. O ensino de História no Brasil é muito desenvolvida e muitas vocações surgem nos bancos escolares, graças aos livros e aulas de História no ensino fundamental e médio. A Arqueologia não tem, ainda, essa posição, mas o Brasil teria muito a ganhar com a introdução da Arqueologia no currículo.



VA: Você já desenvolveu ou apóia algum projeto que tem como objetivo a implantação da Arqueologia nos livros didáticos do ensino fundamental e ensino médio?



Funari: Escrevi livros para crianças, de apoio didático, diversos deles com boa difusão. Os arqueólogos podem contribuir para o mesmo objetivo, de modo a que tenhamos sempre mais meios de informação e formação arqueológica para os jovens estudantes.


VA: Em seu livro “Arqueologia” você acaba parafraseando algo do arqueólogo Paulo Zanettini: “Idiana Jones tem que morrer!”. Como você encara o fato das pessoas terem essa visão deturpada e estereotipada da Arqueologia?



Funari: Isso se deve à trajetória da disciplina, surgida como parte da ação imperialista e militar das grandes potências.

VA: Para os estudantes de Arqueologia, em sua grande maioria há uma confusão nos que diz respeito às principais escolas da Arqueologia, tendo como exemplo, a escola americana e a francesa, você teria como definir esses dois seguimentos em suas características?

Funari: Ambas são muito variadas. De todo modo, na França, desenvolveu-se uma Arqueologia pré-histórica de caráter antropológico e humanista e uma Arqueologia das sociedades com escrita mais centrada na História. Nos Estados Unidos, há uma diversidade de escolas, mas as abordagens deterministas ecológicas e econômicas foram particularmente difundidas no Brasil, em detrimentos àquelas abordagens arqueológicas mais culturalistas.

VA: Qual a sua visão sobre a Arqueologia de Contrato? Você faz uso desta vertente?

Funari: A democratização do país levou à proteção do patrimônio ambiental e cultural. A legislação federal, estadual e municipal implementou normas que permitiram o florescimento de pesquisas financiadas pelas empresas públicas e privadas empreendedoras. A Arqueologia de Contrato, nestas circunstâncias, contribuiu para que se multiplicassem as pesquisas, de forma exponencial.


VA: Esta é a sua primeira vez aqui em Sergipe certo? Há algo relacionado à Arqueologia ou História aqui no estado que você já tenha estudado, como por exemplo, o projeto de salvamento arqueológico em Xingó?

Funari: Não trabalhei com temas sergipanos, embora conheça a literatura sobre Xingó, dentre outras pesquisas. O potencial arqueológico do Estado é muito grande, tanto na pesquisa pré-histórica, histórica e subaquática, para citar as que conheço melhor.


VA: Há uma questão bastante polêmica que é a não regulamentação da Arqueologia como profissão, ou até mesmo o fato da atividade de historiador não ser reconhecida como profissão. Dentro desta problemática, quais são as suas perspectivas?

Funari: Há movimentos em prol da regulamentação de ambas as profissões, que me parece relevantes. De toda forma, ambas prosperaram muito sem essa caracterização administrativa e burocrática, o que mostra seu dinamismo.


VA: Qual a visão que os estrangeiros têm com relação à Arqueologia brasileira?

Funari: Hoje, a Arqueologia brasileira é mais conhecida do que no passado e isto por diversos motivos. Os livros e artigos de brasileiros, publicados no estrangeiro, multiplicaram-se, assim como sua participação em congressos e seminários. Para que isto se torne ainda mais efetivo, é essencial que os arqueólogos se empenhem em dialogar com os colegas de outros países, algo que cresce a cada ano.


VA: Agora uma pergunta para descontrair. Se você não tivesse seguido este caminho da ciência haveria outra área de interesse pessoal, ou outra atividade que as pessoas hoje denominam como hobby? Já imaginou o Pedro Paulo Funari Jogador de Futebol ou Músico?


Funari: Como jogador, minha carreira encerrou-se aos 10 anos de idade, quando fiquei míope! A natação foi sempre mais um hobby. A música erudita uma grande paixão, a qual, contudo, nunca estudei, embora seja uma excepcional parte do meu lazer. Talvez, fora da ciência, a advocacia fosse um campo de atuação, mas a ciência e a docência foram uma escolha que me trouxe muita satisfação.