A criação deste blog foi tomada inicialmente objetivando a viabilização, compreensão e conscientização das pesquisas desenvolvidas por mim, parceiros acadêmicos, professores, pesquisadores e especialistas tendo como diretrizes à Arqueologia e História. Também sob pretensão de divulgação de entrevistas com os expoentes das áreas já elencadas, aproximando mais ainda o leigo aficionado ou o acadêmico em prática das diversas variáveis existentes nessas duas ciências.

sábado, 13 de março de 2010

Pedro Paulo Funari em Sergipe




(Por Diego Bragança)

 
      Aproveitamos a passagem do Professor Dr. Pedro Paulo Funari, que esteve pela primeira vez em terras sergipanas nos dias 10, 11 e 12 de março ministrando palestras no auditório do Campus UFS Laranjeiras para os acadêmicos e todo o corpo docente do curso de bacharelado em Arqueologia nos cedendo gentilmente uma entrevista falando sobre Arqueologia e Histórica.

     Tendo abordado temas como Introdução a Arqueologia, Arqueologia Clássica, Perspectivas da Arqueologia Histórica e Arqueologia Pública, os alunos do curso tiveram a oportunidade de interagir com Funari, este que explanou de forma muito clara sobre todos os temas e dando abertura aos alunos e professores para tirarem dúvidas e participarem juntamente nas palestras.

     Pode-se dizer que tenha sido momento único e histórico em Sergipe com esta presença cativante do Funari, impulsionando e estimulando ainda mais os graduandos do curso de bacharelado em Arqueologia da Universidade Federal de Sergipe.
     
     Pedro Paulo Abreu Funari é um arqueólogo brasileiro, professor da Universidade Estadual de Campinas e líder de grupo de pesquisa do CNPq. Atualmente participa do conselho editorial de trinta revistas científicas brasileiras e quatorze estrangeiras entre elas o Public Archaeology, o Journal of Social Archaeology e o International Journal of Historical Archaeology. Sua contribuição ao meio científico atual é mais de 330 artigos publicados em revistas de todo o mundo. É autor e co-autor de mais de 80 livros na área de história e arqueologia. Organizou mais 19 reuniões científicas.
     É graduado em História pela Universidade de São Paulo em 1981, mestre em Antropologia Social pela USP em 1986, doutor em Arqueologia (1990) e pós-doutor pela Illinois State University em 1992, entre outros títulos acadêmicos. É livre-docente da Unicamp desde 1996.

[Entrevista]


VA: Qual foi o lugar ou objeto de estudo relacionado à Arqueologia que te deixou mais fascinado? E com relação à História?


Funari: Diversos temas me fascinaram, no decorrer da carreira e dos estudos. Dentre eles, na Arqueologia, mencionaria as ânforas e os grafites e, na História, a historiografia antiga e moderna.



VA: Sabe-se que você tem como graduação a área de História, já passou alguma vez por sua cabeça em lecionar? Isso foi colocado em prática?



Funari: Não cheguei a licenciar-me, conclui o bacharelado e fui para a pesquisa, tendo iniciado a docência no ensino superior. No entanto, escrevi livros e ministrei palestras para crianças desde cedo.

VA: Você prefere lecionar ou pesquisar? Aproveitando a deixa, gostaríamos que você desse o seu ponto de vista no que diz respeito à educação no Brasil, tendo como foco a área de História e Arqueologia.



Funari: Ambas as atividades são complementares e muito em encantam. A sala de aula permite o contato com a alteridade, de maneira muito direta. Aprende-se muito. O ensino de História no Brasil é muito desenvolvida e muitas vocações surgem nos bancos escolares, graças aos livros e aulas de História no ensino fundamental e médio. A Arqueologia não tem, ainda, essa posição, mas o Brasil teria muito a ganhar com a introdução da Arqueologia no currículo.



VA: Você já desenvolveu ou apóia algum projeto que tem como objetivo a implantação da Arqueologia nos livros didáticos do ensino fundamental e ensino médio?



Funari: Escrevi livros para crianças, de apoio didático, diversos deles com boa difusão. Os arqueólogos podem contribuir para o mesmo objetivo, de modo a que tenhamos sempre mais meios de informação e formação arqueológica para os jovens estudantes.


VA: Em seu livro “Arqueologia” você acaba parafraseando algo do arqueólogo Paulo Zanettini: “Idiana Jones tem que morrer!”. Como você encara o fato das pessoas terem essa visão deturpada e estereotipada da Arqueologia?



Funari: Isso se deve à trajetória da disciplina, surgida como parte da ação imperialista e militar das grandes potências.

VA: Para os estudantes de Arqueologia, em sua grande maioria há uma confusão nos que diz respeito às principais escolas da Arqueologia, tendo como exemplo, a escola americana e a francesa, você teria como definir esses dois seguimentos em suas características?

Funari: Ambas são muito variadas. De todo modo, na França, desenvolveu-se uma Arqueologia pré-histórica de caráter antropológico e humanista e uma Arqueologia das sociedades com escrita mais centrada na História. Nos Estados Unidos, há uma diversidade de escolas, mas as abordagens deterministas ecológicas e econômicas foram particularmente difundidas no Brasil, em detrimentos àquelas abordagens arqueológicas mais culturalistas.

VA: Qual a sua visão sobre a Arqueologia de Contrato? Você faz uso desta vertente?

Funari: A democratização do país levou à proteção do patrimônio ambiental e cultural. A legislação federal, estadual e municipal implementou normas que permitiram o florescimento de pesquisas financiadas pelas empresas públicas e privadas empreendedoras. A Arqueologia de Contrato, nestas circunstâncias, contribuiu para que se multiplicassem as pesquisas, de forma exponencial.


VA: Esta é a sua primeira vez aqui em Sergipe certo? Há algo relacionado à Arqueologia ou História aqui no estado que você já tenha estudado, como por exemplo, o projeto de salvamento arqueológico em Xingó?

Funari: Não trabalhei com temas sergipanos, embora conheça a literatura sobre Xingó, dentre outras pesquisas. O potencial arqueológico do Estado é muito grande, tanto na pesquisa pré-histórica, histórica e subaquática, para citar as que conheço melhor.


VA: Há uma questão bastante polêmica que é a não regulamentação da Arqueologia como profissão, ou até mesmo o fato da atividade de historiador não ser reconhecida como profissão. Dentro desta problemática, quais são as suas perspectivas?

Funari: Há movimentos em prol da regulamentação de ambas as profissões, que me parece relevantes. De toda forma, ambas prosperaram muito sem essa caracterização administrativa e burocrática, o que mostra seu dinamismo.


VA: Qual a visão que os estrangeiros têm com relação à Arqueologia brasileira?

Funari: Hoje, a Arqueologia brasileira é mais conhecida do que no passado e isto por diversos motivos. Os livros e artigos de brasileiros, publicados no estrangeiro, multiplicaram-se, assim como sua participação em congressos e seminários. Para que isto se torne ainda mais efetivo, é essencial que os arqueólogos se empenhem em dialogar com os colegas de outros países, algo que cresce a cada ano.


VA: Agora uma pergunta para descontrair. Se você não tivesse seguido este caminho da ciência haveria outra área de interesse pessoal, ou outra atividade que as pessoas hoje denominam como hobby? Já imaginou o Pedro Paulo Funari Jogador de Futebol ou Músico?


Funari: Como jogador, minha carreira encerrou-se aos 10 anos de idade, quando fiquei míope! A natação foi sempre mais um hobby. A música erudita uma grande paixão, a qual, contudo, nunca estudei, embora seja uma excepcional parte do meu lazer. Talvez, fora da ciência, a advocacia fosse um campo de atuação, mas a ciência e a docência foram uma escolha que me trouxe muita satisfação.



2 comentários:

  1. Parabéns meu camarada pela pesquisa realizada!

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  2. Poha. Muito foda o post. Adorei. E tô vendo que vc andou estudando a estrutura de um blog. Parabens, cara. Tá ficando muito bom isso. Continue assim.

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